dcsimg

Fregata minor ( Portuguese )

provided by wikipedia PT

Rabiforcado-grande[2] fragata-grande[3] ou tesourão-grande[4] (nome científico: Fregata minor) é uma grande ave oceânica dispersiva na família dos fregatídeos (Fregatidae). Grandes populações são encontradas no Oceano Pacífico (incluindo Ilhas Galápagos) e Oceano Índico, assim como uma população no Atlântico Sul. É uma ave marinha de constituição leve e grande, com até 105 centímetros de comprimento e plumagem predominantemente preta. A espécie apresenta dimorfismo sexual; a fêmea é maior que o macho adulto e tem garganta e peito brancos, e as penas escapulares do macho têm um brilho verde-púrpura. Na época de reprodução, o macho é capaz de distender seu saco gular vermelho. A espécie se alimenta de peixes capturados em voo da superfície do oceano (principalmente exocetídeos ou peixes-voadores) e se entrega ao cleptoparasitismo com menos frequência do que outros rabiforcados. Se alimentam em águas pelágicas dentro de 80 quilômetros (50 milhas) de sua colônia de reprodução ou áreas de poleiro.

Taxonomia

Quando o naturalista alemão Johann Friedrich Gmelin descreveu pela primeira vez o rabiforcado-grande em 1789, pensou que fosse um pequeno pelicano, e assim o chamou de Pelecanus minor.[5] Devido às regras de taxonomia, seu nome de espécie minor foi mantido apesar de ter sido colocado em um gênero separado pelo ornitólogo australiano Gregory Mathews em 1914. Isso levou à discrepância entre minor, latim para "menor" em contraste com seu nome comum.[6][7] É uma das cinco espécies de rabiforcados intimamente relacionadas que compõem seu próprio gênero (Fregata) e família (fregatídeos). Seu parente mais próximo dentro do grupo é o rabiforcado-de-natal (F. andrewsi).[8] Uma falange fóssil de asa do Pleistoceno Tardio e extremidade proximal do úmero indistinguível do rabiforcado-grande vivo foram recuperados de Ulupau Head em Oahu.[9]

Subespécies

São reconhecidas cinco subespécies:[10][11]

Descrição

 src=
Rabiforcado-grande juvenil capturando no ar um filhote de gaivina-de-dorso-preto solto por outro pássaro

O rabiforcado-grande mede de 85 a 105 centímetros (33 a 41 polegadas) de comprimento e tem uma envergadura de 205–230 centímetros (81–91 polegadas).[12] Rabiforcados-grandes machos são menores que as fêmeas, mas a extensão da variação mudando geograficamente.[13] Os machos pesam 1 000–1 450 gramas (2,20–3,20 libras), enquanto as fêmeas mais pesadas pesam 1 215–1 590 gramas (2 679–3 505 libras).[14]

Rabiforcados-grandes realizam migrações regulares em toda a sua extensão, tanto viagens regulares quanto dispersões generalizadas mais infrequentes. Aves marcadas com etiquetas na ilha Tern no French Frigate Shoals foram regularmente ao atol Johnston e um foi registrado em Cidade Quezon nas Filipinas.[15] Um rabiforcado-grande macho mudou da ilha Europa no Canal de Moçambique às Maldivas a 4 400 quilômetros de distância por quatro meses, onde se alimentou em ricas áreas de pesca.[16] Apesar de sua colônia extensa, as aves também exibem filopatria, reproduzindo-se em sua colônia natal, mesmo que viajem para outras colônias.[17]

Comportamento

Alimentação

O rabiforcado-grande forrageia em águas pelágicas dentro de 80 quilômetros (50 milhas) da colônia de reprodução ou áreas de poleiro. Os peixes-voadores da família dos exocetídeos (Exocoetidae) são o item mais comum na dieta; outras espécies de peixes e lulas também podem ser comidas. A presa é capturada durante o voo, seja logo abaixo da superfície ou do ar, no caso de peixes voadores liberados da água. Rabiforcados-grandes fazem uso de cardumes de atum predador ou grupos de golfinhos que empurram cardumes de peixes à superfície.[14] Como todas os rabiforcados, não pousam na superfície da água e geralmente são incapazes de decolar se o fizerem acidentalmente. São frequentemente vistos forrageando em bandos grandes e mistos, especialmente com gaivinas-de-dorso-escuro (Onychoprion fuscatus) e pardelas-rabilongas (Ardenna pacifica).[18]

 src=
Ovo de rabiforcado-grande no Museu de História Natural de Tolosa (MHNT)

Rabiforcados-grandes também caçam filhotes de aves marinhas em suas colônias de reprodução, pegando principalmente os filhotes de gaivina-de-dorso-preto, trinta-réis-escuro (Anous stolidus), gaivina-de-dorso-cinzento (Onychoprion lunatus), trinta-réis-preto (Anous minutus) e até mesmo de outros rabiforcados-grandes..[18] Estudos mostram que apenas as fêmeas (adultas e juvenis) caçam desta forma, e apenas alguns indivíduos são responsáveis ​​pela maioria das mortes.[19] Rabiforcados-grandes também se alimentam de forma oportunista nas áreas costeiras de filhotes de tartarugas e restos de peixes de operações de pesca comercial. Ainda tentam cleptoparasitismo, perseguindo outras aves marinhas nidificantes (atobás, fetontídeos e grazinas em particular[18]) para fazê-los regurgitar sua comida. Acredita-se que esse comportamento não desempenhe uma parte significativa da dieta da espécie, sendo, em vez disso, um complemento aos alimentos obtidos pela caça. Um estudo de rabiforcados-grandes roubando atobás-grandes (Sula dactylatra) estimou que os rabiforcados poderiam obter no máximo 40% da comida de que precisavam e, em média, obtiveram apenas 5%.[20]

Reprodução

Um único ovo branco como giz medindo 68 × 48 milímetros (2,7 x 1,9 polegadas) é colocado durante cada estação de reprodução.[21] O cuidado parental é prolongado em rabiforcados-grandes. O desenvolvimento ocorre após quatro a seis meses, com o tempo dependendo das condições oceânicas e da disponibilidade de alimentos.[12] Rabiforcados-grandes levam muitos anos para atingir a maturidade sexual e só se reproduzem depois de adquirirem a plumagem adulta completa. Isso é alcançado por aves fêmeas quando têm oito a nove anos de idade e para aves machos quando têm 10 a 11 anos de idade.[22] A vida útil média é desconhecida, mas supõe-se que seja relativamente longa. Como parte de um estudo realizado em 2002 na ilha Tern, no Havaí, 35 rabiforcados-grandes anilhados foram recapturadas. Destes, 10 tinham 37 anos ou mais e um tinha pelo menos 44 anos.[23]

Conservação

 src=
Macho juvenil avistado voando

No Atlântico Sul, rabiforcados-grandes da subespécie F. m. nicolli se reproduziram em Santa Helena e Trindade. A população de Santa Helena desapareceu nos tempos antigos e só é conhecida a partir de restos subfósseis, estimados em algumas centenas de anos.[24] O arquipélago de Trindade faz parte de uma área militar brasileira e a população humana é composta apenas por alguns poucos militares da Marinha do Brasil, limitando o fácil acesso para ornitólogos. Outrora abundante, desapareceu como ave reprodutora da ilha principal da Trindade,[25] mas um pequeno número permanece em outras partes deste arquipélago.[24][26][27] A ilha principal já foi coberta por floresta, mas depois que esta foi destruída, o sobrepastoreio das cabras introduzidas impediu qualquer recuperação. Uma série de programas de erradicação na segunda metade do século XX eliminou todos os vertebrados introduzidos, exceto os camundongos domésticos. Os gatos selvagens que haviam esgotado seriamente as aves de nidificação no solo foram finalmente erradicados em 1998.[25]

Por causa da grande população total geral e alcance estendido a espécie é classificada na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN) como sendo de menor preocupação.[1] Em 2005, foi classificada como criticamente em perigo na lista das espécies ameaçadas do estado do Espírito Santo, no sudeste do Brasil.[28] Em 2014 e 2018, respectivamente, constou como criticamente em perigo no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção e na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[29][30][31]

Simbolismo cultural

O rabiforcado-grande era venerado pelos rapanui da ilha de Páscoa; gravuras do homem-pássaro Tangata manu o caracterizam com um bico e um saco na garganta.[32] Sua incorporação às cerimônias locais sugerem que a hoje desaparecida espécie era existente ali entre os anos 1800 e 1860.[33]

Galeria

Referências

  1. a b c BirdLife International (2020). «Fregata minor». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2020: e.T22697733A163770613. doi:. Consultado em 19 de abril de 2022
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 147. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022
  3. «Parcerias institucionais entre o PROTRINDADE e CEMAVE/ICMBio viabilizam ação de conservação das aves marinhas do Arquipélago de Trindade e Martin Vaz». Plano Setorial para os Recursos do Mar (PSRM), Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM). Consultado em 19 de abril de 2022
  4. Sigrist, Tomas (2006). Aves do Brasil: Uma visão artística. São Paulo: Avis Brasilis. p. 391 e 136
  5. a b c Linnaeus, Carl; Gmelin, Johann Friedrich (1789). Systema naturae per regna tria naturae: secundum classes, ordines, genera, species, cum characteribus, differentiis, synonymis, locis Volume 1 part 2 13th ed. Lípsia: Georg Emanuel Beer. p. 572
  6. a b c d Mathews, GM (1914). «On the species and subspecies of the genus Fregata». Australian Avian Record. 2 (6): 120 (117–121)
  7. Meyer, Ernst; Cottrell, G William, eds. (1979). «Fregata minor». Checklist of birds of the world. Volume 1 2nd ed. Cambridge, Massachusetts: Museum of Comparative Zoology. p. 161
  8. Kennedy, Martyn; Spencer, Hamish G (2004). «Phylogenies of the frigatebirds (Fregatidae) and tropicbirds (Phaethonidae), two divergent groups of the traditional order Pelecaniformes, inferred from mitochondrial DNA sequences». Molecular Phylogenetics and Evolution. 31 (1): 31–38. PMID 15019606. doi:10.1016/j.ympev.2003.07.007
  9. James, Helen F. (1987). «A late Pleistocene avifauna from the island of Oahu, Hawaiian Islands» (PDF). Documents des laboratories de Géologie, Lyon. 99: 221–30
  10. Clements, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, D. Roberson, T. A. Fredericks, B. L. Sullivan & C. L. Wood (2017). «The eBird/Clements checklist of birds of the world: v2017». The Cornell Lab of Ornithology (Planilha Excel)|formato= requer |url= (ajuda) (em inglês). Disponível para download !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  11. «IOC World Bird List Version 4.4: Hamerkop, Shoebill, pelicans, boobies & cormorants». International Ornithologists’ Union. Consultado em 2 de dezembro de 2014
  12. a b Metz, VG; Schreiber, EA (2002). «Great Frigatebird (Fregata minor)». In: Poole, A; Gill, F. The Birds of North America. 681. Philadelphia PA: The Birds of North America
  13. Schreiber, E; Schreiber, R (1988). «Great Frigatebird size dimorphism on two central Pacific atolls». Condor. 90 (1): 90–99. JSTOR 1368437. doi:10.2307/1368437
  14. Orta, J; Kirwan, GM; Garcia, EFJ; Boesman, P. «Great Frigatebird (Fregata minor. In: del Hoyo, J; Elliott, A; Sargatal, J; Christie, DA; de Juana, E. Handbook of the Birds of the World Alive. Barcelona: Lynx Edicions. Consultado em 30 de novembro de 2014
  15. Dearborn, D; Anders, A; Schreiber, E; Adams, R; Muellers, U (2003). «Inter island movements and population differentiation in a pelagic seabird». Molecular Ecology. 12 (10): 2835–2843. PMID 12969485. doi:10.1046/j.1365-294X.2003.01931.x
  16. Weimerskirch, Henri; Le Corre, Matthieu; Marsac, Francis; Barbraud, Christophe; Tostain, Olivier; Chastel, Olivier (2006). «Postbreeding Movements of Frigatebirds Tracked with Satellite Telemetry». The Condor. 108 (1): 220–25. doi:10.1650/0010-5422(2006)108[0220:PMOFTW]2.0.CO;2
  17. Harrison, C. (1990). Seabirds of Hawaii: natural history and conservation. Ítaca, Nova Iorque: Imprensa da Universidade Cornell. ISBN 0-8014-2449-6
  18. a b c Dewey, Tanya. «Fregata minor - great frigatebird». Animal Diversity Web - Museu de Zoologia da Universidade de Michigão
  19. Megyesi, JL; Griffin, CR (1996). «Brown Noddy chick predation by Great Frigatebirds in the northwestern Hawaiian islands». Condor. 98 (2): 322–327. JSTOR 1369150. doi:10.2307/1369150
  20. Vickery, J; Brooke, M (1994). «The kleptoparasitic interactions between Great Frigatebirds and Masked Boobies on Henderson Island, South Pacific». Condor. 96 (2): 331–340. JSTOR 1369318. doi:10.2307/1369318
  21. Beruldsen, Gordon (2003). Australian Birds: Their Nests and Eggs. Kenmore Hills, Qld: self. pp. 186–87. ISBN 0-646-42798-9
  22. Valle, Arlos A; de Vries, Tjitte; Hernández, Cecilia (2006). «Plumage and sexual maturation in the Great frigatebird Fregata minor in the Galapagos Islands» (PDF). Marine Ornithology. 34: 51–59
  23. Juola, Frans A; Haussmann, Mark F; Dearborn, Donald C; Vleck, Carol M (2006). «Telomere shortening in a long-lived marine bird: cross-sectional analysis and test of an aging tool». Auk. 123 (3): 775–783. doi:10.1642/0004-8038(2006)123[775:TSIALM]2.0.CO;2
  24. a b Olson, Storrs L. (2017). «Species rank for the critically endangered Atlantic Lesser Frigatebird (Fregata trinitatis)». Wilson Journal of Ornithology. 129 (4): 661–674. doi:10.1676/1559-4491-129.4.661
  25. a b Alves, RJV; da Silva, NG; Aguirre-Muñoz, A (2011). «Return of endemic plant populations on Trindade Island, Brazil, with comments on the fauna» (PDF). In: Veitch, CR; Clout, MN; Towns, DR. Island invasives: eradication and management : proceedings of the International Conference on Island Invasives. Glande, Suíça: IUCN. pp. 259–263. OCLC 770307954
  26. Olson, Storrs L. (1981). «Natural history of vertebrates on the Brazilian islands of the mid South Atlantic». National Geography Society Research Reports. 13: 481–492. hdl:10088/12766
  27. Efe, Márcio Amorim (2008). «Fregata minor (Gmelin, 1789)» (PDF). Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção Volume 2. Brasília: Ministério do Meio Ambiente. pp. 412–413. ISBN 978-85-7738-102-9
  28. «Espécies ameaçadas de extinção no Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 1 de maio de 2022
  29. «PORTARIA No - 444, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2014» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). Consultado em 24 de julho de 2021
  30. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018
  31. «Fregata minor Cabanis». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 19 de abril de 2022
  32. Kaeppler, Adrienne L. (2001). «Rapa Nui Art and Aesthetics». In: Kjellgren, Eric; Tilburg, Jo Anne Van; Kaeppler, Adrienne L. Splendid Isolation: Art of Easter Island. Nova Iorque, New Haven e Londres: Museu Metropolitano de Arte; Imprensa da Universidade de Yale. p. 45
  33. Fischer, Steven R. (1997). «The Rongorongo Inscriptions». Rongorongo - The Easter Island Script - History, Traditions, Texts. Oxônia: Clarendon. p. 489
Controle de autoridade
 title=
license
cc-by-sa-3.0
copyright
Autores e editores de Wikipedia
original
visit source
partner site
wikipedia PT

Fregata minor: Brief Summary ( Portuguese )

provided by wikipedia PT

Rabiforcado-grande fragata-grande ou tesourão-grande (nome científico: Fregata minor) é uma grande ave oceânica dispersiva na família dos fregatídeos (Fregatidae). Grandes populações são encontradas no Oceano Pacífico (incluindo Ilhas Galápagos) e Oceano Índico, assim como uma população no Atlântico Sul. É uma ave marinha de constituição leve e grande, com até 105 centímetros de comprimento e plumagem predominantemente preta. A espécie apresenta dimorfismo sexual; a fêmea é maior que o macho adulto e tem garganta e peito brancos, e as penas escapulares do macho têm um brilho verde-púrpura. Na época de reprodução, o macho é capaz de distender seu saco gular vermelho. A espécie se alimenta de peixes capturados em voo da superfície do oceano (principalmente exocetídeos ou peixes-voadores) e se entrega ao cleptoparasitismo com menos frequência do que outros rabiforcados. Se alimentam em águas pelágicas dentro de 80 quilômetros (50 milhas) de sua colônia de reprodução ou áreas de poleiro.

license
cc-by-sa-3.0
copyright
Autores e editores de Wikipedia
original
visit source
partner site
wikipedia PT