A Pistacia lentiscus, comummente conhecida como lentisco.[1], é uma planta arbustiva aromática, do género Pistacia e da família das Anacardiáceas, pertencente ao tipo fisionómico dos fanerófitos.[2] Com a sua resina faz-se o mástique, goma-resina usada na preparação de fármacos, cosméticos e alimentos, entre outros destinos[3]
Dá ainda pelos seguintes nomes comuns: lentisqueira[4], daroeira[5], aroeira[6],almecegueira[7], alfostigueiro[8] (não confundir com a Pistacia vera, que também dá por este nome[9]), árvore-do-mástique[8] e lentisco-verdadeiro.[8]
Trata-se de um arbusto dióico, ou seja, os espécimes macho e fêmea são independentes um do outro.[10] Pode orçar entre 1 a 5 metros de altura, quando jovem, sendo que, em condições propícias, pode volver-se numa árvore com quase 7 metros de altura.[10]
Exala um forte odor a resina.[3]
É muito ramosa e glabra.[3] Os caules apresentam uma coloração acinzentada, quando jovens, enrubescendo ou verdejando com a idade.[3] Tem folhas são persistentes e glabras, alternas e coriáceas e de formato ovalado.[10] Os folíolos têm uma coloração verde-escura, são todos de tamanho semelhante, ocupam posições opostas ou sobrepostas, são sésseis e apresentam formatos que variam entre o elíptico, o lanceolado e o obtuso.[10] O pecíolo e os ráquis são glabros e alados.[10] As flores são pequenas, amareladas ou avermelhadas, agrupadas em racimos axilares, sendo que as masculinas têm 5 estames e as femininas são trífidas.[3]
Os frutos são drupas apiculadas, que não são comestíveis pelo ser humano, embora o sejam por aves.[3] São quase esféricas, com cerca de 4 milímetros de diâmetro.[10] Apresentam, ao princípio tonalidades avermelhadas, sendo que, com a maturação, enegrecem.[10]
O lentisco é nativo da Europa Mediterrânica, do arquipélago das ilhas Canárias, do Norte de África e do Próximo Oriente.[11] Trata-se de um exemplo paradigmático da vegetação de maquis.[12]
Trata-se de uma espécie presente no território português, nomeadamente em Portugal Continental.[8] Mais concretamente, nas zonas do Noroeste montanhoso; da Terra Quente Transmontana; em todas as zonas do Centro, salvo no Centro-leste montanhoso; e em todas as zonas do Sul e do Algarve.[8]
Em termos de naturalidade é nativa da região atrás referidas.[2]
Desenvolve-se em todo o tipo de solos, tanto podendo medrar em solos de substracto calcário, pelos quais tem maior afinidade, como em zonas salitrosas ou salina, o que faz com que seja mais abundante à beira-mar.[2] Privilegia os matagais de esclerófilas, os bosques de perenifólias, as devesas, os azinhais, os matos de maquis e as formações rochosas escarpadas.[2] É muito sensível ao frio e à geada, pelo que não costuma dar-se em climas frios.[3]
Serve de protecção e alimento a pássaros e outra fauna exclusiva deste ecossistema, sendo que são estes que a espalham.
O táxon Pistacia lentiscus foi descrito por Carlos Linneu e publicado no Species Plantarum 2: 1026. 1753.[13]
No que toca ao Nome genérico, Pistacia, que deriva do nome latino pistăcĭa[14], o qual se reporta ao pistacheiro. Este étimo latino, por seu turno, provém do étimo grego pistakion[15], que diz respeito ao pistacho. Este étimo grego, por último, terá origem no étimo persa antigo pesteh.[15][16]
Quanto ao epíteto específico, lentiscus, este étimo latino remete directamente para a árvore-do-mástique[17]. O nome comum «lentisco» vem directamente daqui.[1] Os nomes «daroeira» e «aroeira», por seu turno, são de origem árabe, e remetem para o étimo darú, que designa o fruto desta planta.[5][6]
Durante a Idade Média e ainda durante o séc. XVII, a resina do lentisco chegou a ser usada, em Portugal, na confecção de mezinhas para ajudar com a dor de dentes, estômago nervoso, refluxo gástrico, inflamação da garganta, vómitos, gota, catarro e lúpias.[19]
A madeira do lentisco foi utilizada para produção de carvão vegetal de alta qualidade.[10] As suas folhas e ramas são ricas em taninos e, graças ao seu cariz adstringente, foram muito utilizadas em tratamentos bucais e estomacais.[10] Das suas drupas faz-se o óleo de lentisco, que além de ter sido usado para alumiar lâmparinas e para o consumo humano, como tempero, foi ainda usado no âmbito da medicina tradicional como descongestionante.[10]
Na ilha grega de Quios é cultivada pela sua resina aromática, embora também seja usada na confecção do licor tradicional ouzo.[10][20]
A Pistacia lentiscus, comummente conhecida como lentisco., é uma planta arbustiva aromática, do género Pistacia e da família das Anacardiáceas, pertencente ao tipo fisionómico dos fanerófitos. Com a sua resina faz-se o mástique, goma-resina usada na preparação de fármacos, cosméticos e alimentos, entre outros destinos