O suga-mel-escarlate[2] (Myzomela sanguinolenta) é uma pequena ave da família Meliphagidae nativa da Austrália. Foi descrito em 1801 pelo ornitólogo inglês John Latham. Medindo de 9 até 11 cm de comprimento, é a menor espécie de sua família na Austrália. Tem uma pequena cauda e um bico curvado para baixo relativamente grande. Apresenta dimorfismo sexual; o macho conta com uma notável coloração vermelho-brilhante com asas pretas, enquanto a fêmea é inteiramente marrom. É mais vocal que os outros de sua família, com uma grande variedade de vocalizações já registradas, incluindo um tilintar similar a um sino.
Essa espécie é encontrada na maior parte da costa leste da Austrália, desde a Península do Cabo York no extremo norte até Gippsland no estado de Vitória. É migratória no sul de sua distribuição, com as populações indo para o norte durante o inverno. Seu habitat natural é a floresta, onde forrageia principalmente no dossel. É onívora, alimentando-se tanto de insetos quanto de néctar. Podem ser criadas até três ninhadas ao longo de uma temporada de reprodução. A fêmea põe dois ou raramente três ovos brancos salpicados em um ninho em forma de xícara de 5 cm de diâmetro que fica alto na árvore. A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) classificou-a como pouco preocupante devido à sua grande distribuição e população aparentemente estável.
O suga-mel-escarlate foi retratado em três pinturas de um conjunto de ilustrações antigas conhecidas como desenhos Watling, feitos nos primeiros anos da colonização europeia em Sydney entre 1788 e 1794. Com base nestas ilustrações, o ornitólogo inglês John Latham descreveu-o em 1801 como três espécies separadas. Ele baseou a descrição de Certhia sanguinolenta em um macho imaturo mudando para a plumagem adulta com coloração vermelha incompleta.[3][4] Na mesma publicação ele descreveu Certhia dibapha e C. erythropygia.[5] O naturalista inglês James Francis Stephens denominou-o Meliphaga sanguinea em 1826, substituindo o nome Certhia sanguinolenta dado por Latham.[6][7] John Gould determinou em 1843 que os três nomes de Latham eram uma única espécie,[8] adotando o primeiro nome binomial escrito como válido e transformando os outros em sinônimos,[4][6] embora o nome Myzomela dibapha ainda fosse usado ocasionalmente,[9] particularmente na Nova Caledônia.[4] Em 1990, Ian McAllan propôs que o primeiro desenho não confirmava a identidade da espécie e que portanto o nome Myzomela dibapha fosse o nome mais antigo validamente publicado;[10] contudo, Richard Schodde contradisse McAllan em 1992, afirmando que o desenho de um macho imaturo não poderia ser de qualquer outra espécie, significando que M. sanguinolenta deveria permanecer. Ele acrescentou que o nome alternativo proposto não estava em uso desde 1850.[4] As espécies Myzomela wakoloensis, M. chloroptera, M. boiei e M. caledonica foram todas anteriormente consideradas coespecíficas de M. sanguinolenta.[9] Não são reconhecidas subespécies ou variações regionais; diferenças de plumagem são devidas à muda.[11]
Um estudo genético realizado em 2004 de DNA nuclear e mitocondrial com aves da família Meliphagidae descobriu que Myzomela sanguinolenta é mais proximamente aparentado de M. cardinalis, com o seu ancestral em comum divergindo de uma linhagem que conduziu a M. erythrocephala, apesar de apenas cinco dos trinta membros do gênero terem sido analisados.[12] Um estudo genético de 2017 que usou DNA mitocondrial e nuclear sugeriu que o ancestral de M. sanguinolenta divergiu daquele de M. boiei há cerca de 2 milhões de anos, mas as relações de muitas espécies dentro do gênero são incertas.[13] Análise molecular mostrou que a família Meliphagidae é aparentada das famílias Pardalotidae, Acanthizidae e Maluridae na grande superfamília Meliphagoidea.[14]
O suga-mel-escarlate, a menor espécie de sua família nativa da Austrália,[15] é uma ave de corpo compacto, cauda curta, um bico preto relativamente longo curvado para baixo e íris marrom-escura. Mede de 9 a 11 cm de comprimento, com uma envergadura de asas média de 18 cm, e pesa 8 g.[16] Tem asas relativamente longas para o seu tamanho; quando as asas estão fechadas, as maiores penas primárias alcançam mais da metade do comprimento da cauda.[11] Exibe dimorfismo sexual acentuado, com o macho sendo muito mais colorido que a fêmea.[16] O macho adulto tem cabeça, nuca e parte superior do peito vermelhos brilhantes, com uma estreita faixa preta do bico até o olho e um fino anel periocular preto. A plumagem vermelha se estende pelas costas como uma faixa central até o uropígio. No peito, o vermelho torna-se mais manchado de cinza na direção da barriga e dos flancos, que são branco-acinzentados.[16] Os lados do peito são marrons-pretos.[17] O manto e os escapulares são pretos e a asa superior de cor preta pálida, com bordas brancas nas coberteiras secundárias. A cauda é preta em cima e cinza-escuro do lado de baixo. A parte de baixo das asas é branca com borda e ponta cinza-escuro.[16] A fêmea tem cabeça e pescoço castanhos, mais escuros no topo e mais claros e mais acinzentados nas laterais, com garganta e queixo castanho-acinzentados claros. Às vezes, apresenta manchas rosadas ou avermelhadas na testa, garganta e bochechas. A parte de cima é marrom, às vezes com manchas escarlates nas coberteiras da parte de cima da cauda. A cauda é marrom-escura com franjas amarelas em todos, exceto no par central de retrizes. As asas são marrom-escuras.[16] A fêmea tem uma base amarelada ou acastanhada para o bico preto. A muda ocorre durante a primavera e o verão.[18]
Os jovens têm plumagem juvenil quando deixam o ninho;[17] são similares às fêmeas, mas apresentam a parte de cima do corpo mais marrom-avermelhadas.[16] Os machos imaturos, depois da mudança da plumagem juvenil, têm manchas de penas vermelhas vindo através da plumagem marrom juvenil.[18] É muito difícil distinguir as fêmeas imaturas das juvenis ou adultas.[11] Ambos os sexos têm plumagem adulta após duas mudas. Não se sabe se os indivíduos têm mudas após atingirem a idade adulta.[17]
Os machos de Myzomela sanguinolenta podem ser confundidos com o de M. erythrocephala, de aparência semelhante. As duas espécies se sobrepõem no leste da Península do Cabo York no norte de Queensland, embora a coloração vermelha da última seja restrita à cabeça e seja nitidamente demarcada. A última espécie também vive em manguezais em vez de florestas.[19] M. obscura se assemelha à fêmea de M. sanguinolenta, mas é maior, com um bico e cauda mais longos, tem plumagem marrom muito mais escura e não tem o tom rosado no rosto e na garganta.[20]
O suga-mel-escarlate é encontrado na costa leste da Austrália desde Cooktown no Extremo Norte de Queensland até o Parque Nacional do Rio Mitchell em Gippsland, Vitória. É mais raro a sul do Rio Hacking, em Nova Gales do Sul. É um vagante raro em Melbourne.[21]
Os movimentos da espécie não são bem conhecidos, mas parece que é migratória no sul de sua distribuição e mais sedentária no norte.[22] As populações da espécie vão para o norte durante o inverno.[23] Movimentos nômades de populações, geralmente seguindo o florescimento de plantas comestíveis preferidas, também ocorrem. Os números da população foram relatados como flutuantes em algumas áreas, com movimentos locais.[22] Crescimentos irruptivos locais ocorreram em Sydney em 1902 (durante uma seca), 1981, 1991 (ambos no noroeste de Sydney) e 1994 (centrado no vale do rio Lane Cove); em Nowra em 1980, através do sul de Vitória em 1985, e no distrito Eurobodalla em 1991 e 1993.[22] Um estudo de campo em Mangerton, Nova Gales do Sul, ao longo de 18 anos descobriu que Myzomela sanguinolenta chegou à área no início da primavera (agosto) e partiu em novembro, embora estivesse totalmente ausente em três anos separados.[24] A idade máxima registrada em anilhagem foi de pouco mais de 10 anos, em um pássaro capturado ao sul de Mount Cotton, Queensland.[25]
Seu habitat é a floresta esclerófila seca e bosque, geralmente com eucaliptos como as árvores dominantes e onde há pouco sub-bosque. Myzomela sanguinolenta é encontrado sozinho, em pares ou em pequenos grupos, às vezes com outras espécies da família na copa das árvores em flor.[26]
Myzomela sanguinolenta é uma espécie territorial, com os machos marcando seus territórios cantando no alto das árvores. Eles competem com outros indivíduos de sua própria espécie, e geralmente são expulsos de algumas áreas de alimentação por membros de sua família maiores e com fome, como Meliphaga lewinii, Phylidonyris novaehollandiae, Melithreptus lunatus e Lichmera indistincta, além de Acanthorhynchus tenuirostris e Philemon corniculatus.[27]
A espécie se reproduz do inverno ao verão, geralmente começando por volta de julho ou agosto e terminando em janeiro. Houve registros ocasionais de nidificação em abril ou maio.[28] Um casal geralmente cria uma ou duas ninhadas por ano. Falhas no ninho podem levar a uma terceira ninhada, e as fêmeas são capazes de botar ovos cerca de três semanas após os filhotes anteriores terem nascido.[17] O ninho consiste em uma pequena xícara de casca de árvore em tiras, com teia de aranha como ligação, no alto da copa das árvores, ou mesmo em visco.[29]
O ninho tem cerca de 5 cm de diâmetro e leva cerca de 8 dias para ser construído antes que os ovos sejam postos nele.[17] Os dois pais constroem o ninho, embora algumas observações tenham visto o macho fazendo a maior parte da construção, e outras a fêmea. Alfred J. North observou que as fêmeas recolhiam sozinhas o material de nidificação, como teias de aranha e casca de árvores.[28] O tamanho da ninhada é principalmente de dois ovos, que ocasionalmente podem ser três, que medem 16 mm de comprimento e 12,1 mm de largura[17] e são brancos, com a extremidade maior salpicada de marrom-avermelhado ou roxo-acinzentado.[30] Os ovos são postos com um dia de intervalo, e acredita-se que a fêmea os incube sozinha.[17] Os jovens nascem nus, mas logo ficam cobertos de penugem. Eles passam 11-12 dias no ninho antes de emplumar. Os dois pais alimentam seus filhotes.[17]
O suga-mel-escarlate é arborícola, forrageando nas copas das árvores, indo de flor em flor, sondando o néctar com seu bico longo e curvo. Às vezes, gira em torno das flores durante a alimentação.[26] As árvores visitadas incluem Syncarpia glomulifera, a árvore-do-chá (Melaleuca spp.) e banksia.[27] A espécie é onívora, e também se alimenta de insetos tanto quanto de néctar.[26] Os insetos dos quais se alimenta incluem besouros, moscas e lagartas.[27]
O suga-mel-escarlate é listado como sendo Pouco Preocupante pela IUCN, devido à grande extensão de sua distribuição (1 960.000 km2) e população estável, sem evidência de qualquer declínio significativo.[1]
O suga-mel-escarlate é raramente visto na avicultura, apesar de ter sido mantido por entusiastas em Sydney. Como todos os membros de sua família são territoriais, ele tende a ser agressivo em aviários de espécies mistas.[31] Vários regulamentos estaduais governam a manutenção da espécie; na Austrália Meridional, por exemplo, uma Licença de Especialista é exigida, enquanto em Nova Gales do Sul uma licença de Classe B2 (Advanced Bird) é exigida. Os candidatos à licença B2 de Nova Gales do Sul devem ter pelo menos dois anos de experiência na criação de aves e ser capazes de demonstrar que podem fornecer os cuidados e alojamento adequados para as espécies que desejam obter.[32]
O suga-mel-escarlate (Myzomela sanguinolenta) é uma pequena ave da família Meliphagidae nativa da Austrália. Foi descrito em 1801 pelo ornitólogo inglês John Latham. Medindo de 9 até 11 cm de comprimento, é a menor espécie de sua família na Austrália. Tem uma pequena cauda e um bico curvado para baixo relativamente grande. Apresenta dimorfismo sexual; o macho conta com uma notável coloração vermelho-brilhante com asas pretas, enquanto a fêmea é inteiramente marrom. É mais vocal que os outros de sua família, com uma grande variedade de vocalizações já registradas, incluindo um tilintar similar a um sino.
Essa espécie é encontrada na maior parte da costa leste da Austrália, desde a Península do Cabo York no extremo norte até Gippsland no estado de Vitória. É migratória no sul de sua distribuição, com as populações indo para o norte durante o inverno. Seu habitat natural é a floresta, onde forrageia principalmente no dossel. É onívora, alimentando-se tanto de insetos quanto de néctar. Podem ser criadas até três ninhadas ao longo de uma temporada de reprodução. A fêmea põe dois ou raramente três ovos brancos salpicados em um ninho em forma de xícara de 5 cm de diâmetro que fica alto na árvore. A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) classificou-a como pouco preocupante devido à sua grande distribuição e população aparentemente estável.