Phytolacca americana L.[2], comummente conhecida como fitolaca[3].[4] ou baga-moira[4][5], é uma planta herbácea vivaz da família Phytolaccaceae, nativa do leste da América do Norte, mas atualmente encontrada na generalidade das regiões de clima temperado, onde por vezes é uma invasora[6]
Dá ainda pelos seguintes nomes comuns: erva-dos-cachos-da-índia[4][5][7], Erva-dos-cântaros (também grafada erva-dos-cancros[4][5] e erva-dos-cancaros[8]), erva-tintureira[4][5][9], tintureira[10][4][5] (não confundir com a Phytolacca dioica, que consigo partilha este nome), uva-da-américa[4][5][11], uva-do-canadá[5], uva-tintureira[4][5], uva-dos-passarinhos[5], uva-de-cão[9], uva-de-rato[9], vermelhão[5][9], gaia-moça[5][9] e vinagreira[5][12] (não confundir com a espécie Rumex acetosa, que com ela partilha este nome comum).
Trata-se de um subarbusto perene, com caule, quadrangular, grosso e suculento, que pode chegar a medir entre 1 e 3 metros de altura.[8] Na base pode, por vezes, ser lenhoso, ao passo que na parte superior tende a ser subdicotómo.[8]
No que toca à coloração, o caule é estriado, variando entre tonalidades esverdeadas e avermelhadas.[4]
Quanto às folhas, são grandes e inteiras, exibem um formato ovado-elíptico[8] ou ovado-lanceoladas[4], de ponta aguda, margem inteira ou ondulada, arredondadas junto à base e por vezes assimétricas. Têm um posicionamento alternado entre si, o pecíolo que as liga ao caule é curto.[4]
Os racimos são erectos, têm eixo glabro, podem chegar aos 30 centímetros de comprimento, ficam posicionados em oposição às folhas.[8]
As flores são hermafroditas, têm em geral 10 estames e 10 carpelos[8] e estão dispostas em inflorescências racemosas lineares, inicialmente erectas, caindo gradualmente à medida que os frutos amadurecem.[4] A floração dá-se de Maio a Agosto.[5]
São compostas por 4 a 5 segmentos no perianto e assumem uma coloração que alterna entre o branco-esverdeado e o cor-de-rosa-arroxeado, consoante o estado de maturidade.[8]
Os frutos são bagas carnudas, pretas a azuladas, com epicarpo enrugado quando maduros, resultantes da coalescência dos carpelos na maturação.[4]
A plântula desenvolve rapidamente uma forte raiz napiforme. No inverno, a parte aérea da planta seca completamente, para reaparecer em torno de abril-maio a partir de um forte turião. A planta cresce em áreas de florestas húmidas, em particular em matas ripícolas, e nas margens dos campos cultivados e nas bermas das estradas, preferindo solos ricos pouco mobilizados e áreas de ruderetum ricas em nitratos. Somente as urtigas e silvas parecem resistir à forte competição que resulta do adensar das populações desta planta.
A espécie é originária da região temperada do leste da América do Norte, com particular destaque para a costa Leste do México e para o estado norte-americano da Virgínia.[8], sendo inicialmente considerada como pertencente à família das Solanaceae[13][14]
Foi introduzida como planta cultivada, ou como acidental, na generalidade das regiões temperadas, onde ganhou carácter ruderal[5], sendo particularmente agressiva nas regiões de clima mediterrânico, onde por vezes é considerada planta invasora e praga agrícola.
Nas últimas décadas tem invadido áreas florestais na França e no resto da Europa, merecendo a classificação de praga vegetal por parte da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza).[6]
Trata-se de uma espécie naturalizada em Portugal[9], marcando presença em Portugal Continental, com incidência em todas as zonas, salvo as alentejanas[6], no arquipélago dos Açores e no arquipélago da Madeira.[4]
É considerada uma planta invasora.[6]
Trata-se de uma espécie ruderal, medrando na orla de caminhos, muros, ruínas, em locais úmbrios e frescos.[8] Medra, ainda, em ermos sáfaros e em espaços arborizados e húmidos.[4]
Historicamente chegou a ser cultivada para servir como planta tintureira, esmagando as bagas sumarentas, para obter o pigmento.[9]
Apesar das variedades com folhas listradas ou manchadas amarelo-rosa serem utilizadas como ornamentais e das folhas jovens serem comestíveis quando sujeitas a branqueamento e cozidas[15], a introdução e cultivo da planta na Europa e em outras regiões temperadas e subtropicais deve-se essencialmente aos usos medicinais e tintureiros das suas bagas. As bagas maduras fornecem por maceração um corante roxo ou carmesim em tempos muito valorizado em tinturaria e para realçar a cor de vinhos tintos considerados pálidos. Em medicina, os frutos, aos quais eram retiradas as sementes tóxicas, eram usadas como catártico (no sentido de laxativo).
A utilização medicinal era comum entre os ameríndios norte-americanos, sendo rapidamente adotada pelos colonos europeus naquele continente e depois trazida para a Europa, onde a planta foi incluída na Pharmacopeia comum, passando a ser cultivada com esse fim.
Os usos medicinais da planta são variados.[16] O uso interno da raiz, sob a forma de uma tintura, é prescrito em doses baixas para tratar várias infeções respiratórias, anginas, artrite e reumatismos.[16][17] Externamente, na forma de pomada ou emplastro, pode tratar problemas de pele, como certas micoses, acne ou sarna.[17] São-lhe também atribuídas propriedades anti-inflamatórias, antivirais e mitogénicos.[16][17]
No entanto, o seu uso ainda é discutível, podendo ser tóxica em grandes doses, pelo que o uso não é recomendado em crianças e mulheres grávidas.[16]
O Dr. Aklilu Lemma, da Universidade Haile Selassie de Addis-Abeba (atualmente Universidade de Addis-Abeba), descobriu que as bagas fornecem uma substância eficaz na luta contra a bilharziose pois apresentam propriedades detergentes e são tóxicas para os moluscos hospedeiros do Schistosoma mansoni.
A toxicidade da baga está comprovada, devendo-se ao seu elevado conteúdo em saponina, apesar de ser consumida em grande quantidade pelas aves, sem qualquer efeito tóxico detetável. A toxicidade das folhas é controversa [15], mas existem relatos de serem, por vezes, fatais para os cavalos.
Esta planta contém betanidina[18] e betanina.[4]
A Phytolacca americana foi descrita por Carlos Lineu, que a mencionou naSpecies Plantarum 1: 441. 1753.[19]
Do que toca ao nome genérico, Phytolacca, deriva da aglutinação do étimo grego antigo: φυτόν (phyton), que significa «planta», com o substantivo latino lacca[20], que significa "vermelho tinto".[21]
Quanto ao epíteto específico, americana, trata-se de uma simples alusão à proveniência geográfica da planta.[21]
Phytolacca americana L., comummente conhecida como fitolaca. ou baga-moira, é uma planta herbácea vivaz da família Phytolaccaceae, nativa do leste da América do Norte, mas atualmente encontrada na generalidade das regiões de clima temperado, onde por vezes é uma invasora